sábado, 18 de fevereiro de 2012

La plage

Aqui estou eu, na praia. E lá ao fundo uma linha se forma, na fusão do mar com o céu. E é por isso que te escrevo. Porque todas as incertezas se batem em e sobre mim, como as ondas vão de encontro à areia, às rochas. Gosto de pensar em ti, enquanto aqui estou. E gosto de sentir os pés enterrarem-se sobre a areia. Gosto de ficar aqui sentada, a escrever-te. Porque, pela primeira vez, és só tu, eu e este papel. Não penses que te escrevo porque te quero baralhar ou porque quero estragar o que agora construiste (já sei que foi bem aceite na família, fico feliz, a sério.). Escrevo-te porque sabes que isto é o meu único refúgio, escrevo-te porque entendes as mensagens subentendidas, nos meus textos. És dos únicos que o consegue fazer, acreditas? Não te parece irónico que, depois de tanto tempo, ainda o consigas fazer? Uma leve brisa bate-me na cara e faz os meus cabelos moverem-se ao sabor do vento. E eu fecho os olhos e só apareces tu. Tu e o meu querido peluche. Discuti com a minha mãe. Queria deitá-lo fora. "Estás maluca, mãe! O peluche é meu e eu quero-o! , dizia-lhe. E ela respondia-me: "Só te está a fazer mal!". Fingi que não ouvi e virei costas. Há qualquer coisa que me leva ao teu encontro, a procurar-te nos meus sonhos. Há qualquer coisa que me impede de ver-te, quando mais quero e preciso. Queria deixar-te de escrever, mas é-me impossível. Eu sei que já perdi toda a magia, para ti. Tenho andado distante, fria. E isso deixa-me com vontade de chorar. Tenho medo de não conseguir voltar a amar. Porque eu já não consigo ver um pôr-do-sol e não pensar em ti e na maneira como me agarravas. Se fechar os olhos com muita força, ainda consigo sentir os teus braços À volta do meu corpo, quase inerte de tanta satisfação. E só Deus sabe o quanto isso me sabia bem, e só Deus sabe a vontade que me persegue de voltar atrás e agarrar-te com tanta força que nem Ele nem a essa coisa que apelidam de destino, te pudesse arrancar de mim. Podia ficar horas a escrever-te, como se a praia e o cheiro da maresia matinal fossem algum tipo de desinibidor. Pensei em arranjar um diário. Assim escrevia lá, e não aqui. Talvez fosse mais fácil para todos. Que te parece? A mim, sinceramente, parece-me justo.



P.S.: I love you


RPMonteiro, 10:59h

Sem comentários:

Enviar um comentário