domingo, 6 de junho de 2010

A Palavra

"Ligo directo para a caixa de correio, só para ouvir a tua voz
Sei que é cena fora mas todo o dia chega a hora em que o lado esquerdo chora quando se lembra de nós.
A vida corre tranquila, cada vez menos reguila
meto guita de parte e a cabeça não vacila tanto
Para minha alegria e meu espanto
Pode ser que o passado fique onde deve estar:
no pretérito imperfeito, já que não é mais que perfeito
Este é um presente que eu aceito para atingir a tranquilidade
que supostamente se atinge com a nossa idade.
A verdade é que a saudade do que passou não é mais que muita
Mas por muita força que faça, ela passa por saber que te vivi
Tu deste tudo eu joguei, arrisquei e perdi, agora:

MUDA O TEU MUNDO QUE EU MUDEI O MEU"

segunda-feira, 24 de maio de 2010

My girl x$

Hoje resolvi sentar-me á frente do computador e começar a escrever aqui a carta que nunca te entreguei, por medo da tua reacção ou por medo da minha incapacidade de fazer com que me entendas. Esta carta já foi um grito de revolta, um grito de tristeza. Quando a começei a escrever senti que tinha perdido uma das coisas mais verdadeiras que alguma vez tinha tido e isso fez-me chorar sempre que ouvia as músicas que ouvia quando estava contigo. Foi há muito tempo sabes? Foi num tempo em que pensava que conseguia que alguém ocupasse o vazio que deixaste em mim. Espero que entendas o que aqui te deixo, é tudo o que me resta.


Perdi-me dentro do meu próprio labirinto. E esperei dias a fio para que me encontrasses, tinha a certeza que irias ter comigo e que me irias ajudar a voltar a sair. Chorei por sentir que os dias passavam por mim e tu não vinhas. Não falo contigo há meses, não ouço a tua voz, não falamos como sempre o fizemos. Recebi uma noticia hoje que me destroçou, que voltou a derrubar o muro que tinha construido com muito esforço e sem ti. Hoje eu precisava mais de ti do que alguma vez precisei, tentei chamar-te mas as palavras não saiam da minha boca, gritei para que não me deixasses mas tu não ouviste. Afundei-me e afundei comigo todas as coisas boas que tinha aprendido contigo mas fiquei sempre á tua espera. Um dia acordei e vi que não irias voltar mais, e deixei-me ir. Como um barco que perde os remos, deixei-me ir até encontrar terra. Os dias arrastaram-se penosamente e na tentativa frouxa e já nada convincente de salvar o que ainda restava de mim comecei cada vez a fazer mais barulho, e cada vez ia mais ai fundo. Acho que foi nesse dia que desisti de lutar pela minha felicidade. É que isto é tão dificil sem ti, sem as aulas ao teu lado, sem as conversas no menseger, sem a minha ouvinte. Vou estar á tua espera, no mesmo sitio do costume.

I will always love you

always the same

Dou por mim a escrever mais uma vez para ti, na tentativa que alguma vez oiças o meu grito mudo. Dou por mim a escrever numa folha branca palavras que nunca te disse. Certo dia pediste-me que escrevesse a nossa história, e por incrivel que pareça não sou capaz de o fazer. A nossa história era assim, feita de palavras não ditas, de silêncios sufocantes, de atitudes frias, de olhares falsos, de mentiras viciantes. Queria poder escrever tudo o que sinto cá dentro e poder arrancar-te de mim, enrolar-te nesta folha, e rasgar-te em mil pedaçinhos e lançar-te ao vento. E ficar do lado de cá, á espera que o vento te levasse para longe. Queria poder usar uma borracha e apagar-te da MINHA história, queria que tudo tivesse durado uma noite em que a febre me tivesse invadido ao ponto de me levar á loucura. Foi isso que foste para mim, uma doença. Uma doença que resiste a todos os medicamentos e que insiste em ficar e fazer cada vez mais estragos. Hoje enquanto analisei um poema, pensei mais uma vez em ti sabias? E sabes o que me vinha á cabeça? Os teus risos quando eu dizia alguma coisa á qual tu achasses graça. Meu Deus, rias tão alto, como um louco. Deseja-me boa sorte, porque a quero e mereço. Não penses que deixei de te amar, apenas deixei de te perdoar. Não fiques com esta carta para ti, envia-a a quem precise de uma chave para sair do seu próprio labirinto. A chave que tu precisas está dentro de ti, ninguém tem o poder de ta entregar. Descobre-a e usa-a para encontrares o teu rumo. Afinal não é isso que todos tentamos fazer?

Aula de Português
24/5/2010

sábado, 20 de março de 2010

Dia do Pai

Pai:

Imagina que te escrevo em voz baixa. Quero que saibas que não te escrevo por descargo de consciência de tudo o que fiz e de tudo o que te disse sem pensar. Quero que saibas que te escrevo porque é a unica maneira que consigo que me sintam, que sintam tudo o que se passa cá dentro. Quero que saibas que isto não é mais um texto que se faz no Dia do Pai, não é mais um texto meu, é talvez O texto mais importante que tenha escrito até agora. Este texto carrega sentimentos que nenhum outro carregou e é por isso de muita responsabilidade. É o único texto em que eu senti que alguém iria gostar, mesmo que as palavras não se fizessem ouvir, eu sabia que tu irias perceber e sentir a mensagem, exactamente da maneira como eu queria que o fizesses.
És o homem da minha vida, e não digo isto da boca para fora, digo-o porque o sinto. Digo-o porque é cruel demais calar as palavras que mais teimam em fazer-se ouvir. És a melhor pessoa que conheço, sempre preocupado comigo, sempre a tentar proteger-me de tudo. Sinto um orgulho que me invade o peito por poder responder quando me perguntam "Aquele é o teu pai?" e eu digo "Sim, aquele é o MEU pai".
Nunca te esqueças do que és para mim, e do que hás-de ser SEMPRE!

:|

Escrever-te é crucial para mim, sempre foi.

Conheces-me melhor que ninguém, sabes como, às vezes, preciso de desabafar, como, às vezes, preciso de soltar as palavras, sem ter a noção do peso que cada uma delas carrega. Sempre pensei que conseguisse mudar mudar a tua vida, mas, pela primeira vez, senti a dor, a frustração, o sabor amargo da derrota. Querer e conseguir são duas coisas muito diferentes. Eu quero perdoar, mas não consigo. Isto ultrapassa todas as barreiras, todos os limites e, o mais importante, ultrapassa-me a MIM. Mas não quero, de maneira alguma, ajustar contas com o passado, contigo. Acredito que, com tudo o que aqui te escrevo, te ajude a ir mais longe que aquilo que a tua vista alcança, comigo ou sem mim. Não há qualquer tipo de culpa ou mérito em tudo o que o destino decide por e para nós. Só me apercebi, há bem pouco tempo, que vivia num labirinto, num ciclo viciante, numa espiral, pelos piores motivos.
As coisas mais absurdas ainda me fazem lembrar de ti, de tudo o que fui contigo. Hoje, olho para trás e o único que consigo sentir é tristeza, mágoa. Faz lá a tipica pergunta: "Até que ponto me amaste?" Amei-te o suficiente (e talvez até de mais) para ficar ficar noites sem dormir, sem conseguir comer.
Sempre respeitei o silêncio de toda a gente, o mais difícil foi que tive de aprender a respeitar o teu, durante muito tempo, demasiado até.
Não me peças para te perdoar, isso não acontece quando queremos, mas apenas quando estamos preparados. E eu sinto que ainda não estou. Porém sinto que isto não acaba aqui, ou não acaba ou sou eu quem não quer que acabe. Não sei, simplesmente não sei.
E enquanto isso não acontecer, não me procures mais, não digas mais o meu nome, não tentes falar comigo. Sabes o que sinto? Que nunca fui suficientemente boa para ti, que nunca fui suficientemente importante para ti. E isso dói, dói em todos os minutos, em todas as horas, em todas as merdas de dias!
Deixei de acreditar nas pessoas, deixei de querer lutar por aquilo que me faz feliz, deixei de querer pensar que amanhã vai ser um dia melhor, porque esse amanhã pode ser bem pior do que hoje e tenho medo.
Não, não me procures mais. Deixa-me mentalizar que és igual a todos os outros, não há excepções. Enquanto a dor que sinto bão se tornar menor, e conseguir voltar a encarar-te, não me procures mais, por favor.
Porque, afinal de contas, eu fui a espera á qual tu nunca te submeteste.


2/3/2010