domingo, 14 de agosto de 2011

Francisco

Estive a ler os textos antigos e reparei que nunca escrevi para ti, meu pequenino. Quando nasceste, senti que me tinhas roubado a pessoa que tinha a certeza que iria ficar comigo, para sempre. Não te aceitei, não gostei de ti, não te senti como parte da minha família. Era uma miuda ainda, embora isso nada justifique. E, hoje, sou perdida de amor por ti. Tenho medo, sabes? Tenho medo dos preconceitos que vais ter de enfrentar, dos problemas com os quais vais ter de lidar como se fosses um estranho, como se não tivesses a anatomia perfeita de qualquer ser humano. Desculpa se às vezes fico irritada e exigo demais de ti. Mas só tento preparar-te para o futuro que, para ti, infelizmente, vai ser muito mais duro. Tens 4 anos, quase 5. Foram os melhores 5 anos da minha vida, embora antes não lhe tenha dado o devido valor. És o meu menino, vou proteger-te sempre. Vou dar-te o melhor de mim, vou dar-te colo sempre que precisares, vou limpar-te as lágrimas sempre que alguém se meta contigo, vou até ao fim do mundo, se isso me pedires. Obrigado, obrigado por me deixares amar-te, obrigado por seres a minha força, a minha coragem, a minha vontade, obrigado por cada birra que fazes, obrigado por cada carinho que me dás, obrigado por me ajudares a crescer, obrigado por seres a minha luz ao fundo do túnel, no final do dia. E desculpa esta tua tia chorona e estupida que não te soube dar o devido valor, desde o início. Sei que ainda vamos ser muito cumplices, Francisco. Sinto-o. Vou estar sempre presente na tua vida, vou sempre apanhar-te quando ninguém notar que estás a cair. És um exemplo, és lindo e és meu.

RPMonteiro

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